A carne rasga-se, com lâmina afiada,
com dentes de animal feroz.
A dor adormece-se na noite, lambendo as feridas
ferozmente.
Em breve nascerá um novo dia,
de sol fulgurante e tudo o resto.
Ignora-o. Nasceste à noite.
Mata-lhe a sede e a fome
com uma fogueira onde se consuma o mal que te rodeia,
animal feroz sem presa nem caçador.

Do alto da árvore em que repousas
os teus ossos cansados, verás tudo em paz.
As cicatrizes contarão a tua história áspera de animal feroz
cansado. Inspira. Expira. Estás vivo. Adormece agora.

5 comentários:

Joana Roque Lino disse...

tanta dor... um abraço. obrigada.

Pedro disse...

A espuma dos dias é um livro fantastico. Mas "As Formigas" o "Outono em Pequim" "o "Arranca-Corações" nao ficam atrás. Recomendo vivamente.
Ainda bem que gostaste do meu blog.
Assim que andar com mais tempo vou dar uma boa vista de olhos no teu.
Abraco.

Anónimo disse...

gostei de ler estes poemas. um bom dia e obrigada pela visita. gostei muito do comentário. um beijinho.

hfm disse...

Gostei. Muito.

Claudia Sousa Dias disse...

Muito bom...um ser das trevas...sinistro e misterioso. E terrívelo. Como Vlad, o Empalador.


CSD