Ignora-me. Não tentes interagir comigo. Ignora-me ostensivamente porque assim és honesta, não necessitas fingir amor subentendido. Os subentendidos matam, os implícitos corroem, a vida faz-se a sangue quente e aço fundido e nada disto eu quero que esteja subentendido num amor que é paciente e tudo oculta, como se perdoasse. Ignora-me e verás que ganharemos com isso. Com isso e com o ópio que é esta nossa vida de consensos. Se pudesse, ignorar-te-ia também. Sabes disso e é essa a tua garantia, a tua certeza de que irei sempre comer e beber à tua mão, sedento e faminto.

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

Este é um texto que me diz muito...onde consigo colocar-me nos lugar de ambas as personagens que nele estão contidas...


CSD