Sabe-me a boca a sangue. Sabe o meu corpo a um sangue talvez desejoso de sair, de se libertar de mim, de correr livre, sem me ter por aliado, ou inimigo ou nada.
Paira no ar um odor intenso a insanidade, 0 meu odor, talvez. Sinto-me insuportável, desesperantemente insuportável, terrivelmente preso num cofre de chumbo, selado, a caminho do fundo de um qualquer lago, de um esquecimento feroz. Terra pesada, esquecimento feroz, sangue espesso, livre.
Paira no ar um esquecimento, uma perda de toda a memória. Hoje, faltei ao chamamento. Mais uma página de paz.

8 comentários:

rtp disse...

Cljp, o seu comentário no meu blog fez-me descobrir, com MUITO GOSTO, o "Como morfina".
Prosa e poesia muito intensa, a sua. Parabéns.

Claudia Sousa Dias disse...

Gostei.

Sobretudo da última frase.

CSD

inocência perdida disse...

De tantas vezes que se falta ao chamamento de tantas vezes se encontra a paz, ganha-se energia para um luta...a luta que assinamos como nossa:)

Muita Paz...
Muita Força...

rui disse...

Olá

Bem vindo!

Escreves bem,
"Paira no ar um odor intenso a insanidade, o meu odor talvez. Sinto-me insuportável,..."

Muito bom, muito bom!

Abraço

Carol Bonando disse...

caraca, muito bom messssmo... isso até se parece com algumas coisas melancólicas que fiz...mas o seu está melhor! com certeza muito melhor!
parabéns... adorei seu estilo de escrita.
bjssss e até logo mais.

vida de vidro disse...

Boa escrita. De sangue. De raiva, quase. Gostei de conhecer o teu blog. **

jguerra disse...

Olá. Gostei de conhecer o teu blog e obrigado por passares pelo meu.

Parece-me que transportas para este texto alguma ira, algum sofrimento. Sabes que escrever faz bem, liberta e acho que a paz já a encontraste.
Um abraço e volta sempre.

P disse...

Escreva. Será como morfina...