Como morfina

O dia nasce e, com ele, a mesma dormência do ser,
Como ontem, como no dia anterior,
A mesma sede de dormir,
De tornar mais leve o abrir dos olhos.

Pouco a pouco, até a luz é suportável.
Como morfina, as palavras percorrem-me o sangue
Ocultando a dor.
E, a cada dia, mais palavras são precisas,
Como morfina,
Até que todas as palavras me consumam
E me soprem vida.
Um dia após o outro,
Sempre menos eu,
Mais as palavras.

4 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

Obrigada pelo poema.

Também para mim as palvras são como uma droga da qual me alimento, que me ajuda a sobreviver, que adormece a inércia, a mediocridade, a ignorância, a intolerância dos outros e a falta de humanidade...

Um abraço amigo.


CSD

filipelamas disse...

Bem-vindo à blogosfera!
Promete o que nos trazes!
Agora é só continuar!
Abraço

Isabel Moreira disse...

obrigada...

un dress disse...

pois eu sei

mas há dias como hoje.

nus de palavras

sabem a sal...



beijO