Gritas.
Apenas gritas para que o eco
Te devolva o que sobra de ti, o teu grito.
Deixas-te cair na terra seca,
no sopé da tua montanha de sempre que conheces de cor.
O teu grito feito pedra,
na ascenção e na queda.
Morres, Sísifo.
Deixas-te exaurir nesse grito sem retorno.
É tarde agora.
Tudo repousa, menos tu, entregue e vencido.
Ao longe, os que esperavam o teu último suspiro, voam em círculos por sobre o teu grito.
Gritas apenas para redimir a tua dignidade.
Que a terra se encarregue de ti, lentamente.
Que o esquecimento te devolva ao pó.
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