Se soubesses que, do outro lado, não importa bem de quê, estaria algum conforto, nem hesitarias. Foi Natal e nada se alterou. Ficou o desejo insatisfeito, a dor por suportar, o convite à desistência. Tu sabes que não és o mesmo. Sabes que tiveste de resistir e que tiveste de ouvir falar de paz e amor no mundo, que o Cristo terá trazido, quando ele próprio não precisaria de ser Deus para ver a falácia de tudo isso. Amor transmutado em luzinhas e presentes caros, tudo aquilo que o Cristo não faria, muito menos num Natal qualquer. Sobrevives porque sabes que, do lado de cá, haverá sempre algo que te tomará nos braços e te ajudará a adormecer, ainda que saibas que será provisório. Talvez as palavras, talvez estas palavras atiradas a um qualquer muro, ao teu, talvez.
Dorme em paz, onde quer que o faças. Esperaremos juntos pelos Magos do nosso Oriente, seja onde for.